Fissão

Corpos transmitem calor até se tornarem equilibrados em temperatura.

Talvez por isso eu ainda esteja sentindo meu calor se esvair.

A chama que acendi para te aquecer

Agora vejo ela apenas enfraquecer

E apesar de estar me segurando firme, temo que vou cair.

Só não quero me sentir novamente culpado se decidires por uma ruptura.

A dor em meu peito prova que não é apenas medo da culpa.

Mostra que em mim essa chama que muito é reduzida...

Dificilmente pode ser, simplesmente apagada.

Cada átomo em movimento cada energia gerada por atrito ...

Estão aqui, se contorcendo para manter uma das poucas coisas que ainda lhes resta ...

Uma confiança cega, que teme ser traída por não querer perder as ligações que mantém tudo ainda junto ...

Mas existe hora que se houver uma atração maior, fora deste conjunto molecular ... 

Eu sei que vc será atraída para fora.

E traído, o núcleo que será então negativo, em meio a um calor gerado por ele mesmo ...

Verá que está volátil e desequilibrado novamente...

Se me dizem que a atração seria forte ao estar eletricamente negativo ...

Eu já nem acredito mais ...

Perder as ligações que mais importam agora seria a pior parte de deixar que mais uma ligação se rompa e que não sejamos mais da mesma matéria.

Mas as vezes me pergunto, será que ainda somos?

Eu sou mesmo culpado?

 E sozinho sinto o peso de carregar meus sonhos ...

Me disseram que era um sonho a se viver a dois ...

Me disseram que era uma jornada a se compartilhar bons e mais momentos ...

Mas eu estou aqui sozinho agora ... 

Com todos os dedos apontados para mim,

Como se fosse julgado culpado por um crime imperdoável.

Um crime inafiançável...

Eles apontam o dedo para mim e me julgam.

E agora viver é uma eterna vigia...

Vigiando cada passo ...

Cada ato ...

Cada palavra ...

E as palavras ...

Elas que nunca se foram são as únicas companheiras nesta jornada.

Jornada que tem como destino a morte.

Onde estaremos sozinhos novamente e de novo nos lembraremos de todos os crimes que nos condenaram.

Mas a pergunta é:

Eu sou mesmo culpado?

Entorpecido

 Entorpecido... 

como se não tivesse mais dor aqui ...

como se a dor fosse uma lembrança do passado ...

mas ela nunca foi.

Sinto que ela ainda dorme comigo

de um lado da cama o sonho e do outro o pesadelo

a dor de se estar apenas aprisionado dentro de si mesmo

é como se corroesse por dentro ...

sinto como que garras que tentam perfurar minha mente ...

querendo arrancar daqui alguém que a muito dorme ... 

Ou nunca dormiu e se faz entorpecido?

Sinto como se fosse rasgado de dentro pra fora ...

são os mesmos sentimentos de sempre

a falta de alguém que possa me segurar quando caio ...

ou nunca me levantei?

sinto que a dor que a muito não sentia,

na verdade nunca se foi e sempre esteve aqui apenas entorpecida ...

as palavras que me traem

são as mesmas que me atraem

e a traição ... 

ela corrói o amor que queima no coração ...

como se a tempos o mesmo sentimento que dava forças para acreditar ...

estivesse me sufocando, querendo me matar ... 

eu só queria sentir em seus lábios o mesmo calor 

sentir em seus atos o mesmo amor

mas sinto como se o mesmo estivesse dormente

mas sinto como se em cada carícia o carinho estivesse ausente

sinto como se em cada ato de desejo o mesmo fosse entorpecente ...

e estou entorpecido, desejando cada vez mais sentir oq a muito não consigo sentir ...

essa necessidade de sentir em vc o calor que um dia me aqueceu...

mas que o tempo aparentemente esqueceu ... 

Queria poder dizer, que se não me ama, me deixe ...

Mas eu enfrentei este inferno antes e sozinho, nem eu mesmo me amo suficiente para continuar.

Vou continuar entorpecido, sentindo que perdi algo que a muito me tornou adicto.

Em pedaços

 Ja não sinto minhas pernas

Como se tivesse perdido os movimentos e deixado ao vento 

As vozes são agora externas 

Como se já não mais vivessem só na minha cabeça no momento 

Eu posso ver cada pedaço de mim no chão

Sinto a dor de cada um que ficou para trás

Mas tudo oq sobrou do passado é ilusão 

A ilusão de achar que estava tudo em paz 

Sinto que pelas minhas mãos escorre o sangue 

Com o sangue vejo tbm a luz que se esvaindo me deixa 

E numa explosão de dor e confusão não há mais queixa 

Pois as vozes se foram e não há mais quem mude..

Como me sinto agora?

Totalmente quebrado e espalhado pelos cantos ...

Sem rima e sem graça ...

Como um palhaço que não mais faz sorrir ...

Como um fogo que não mais aquece ...

Como um coração que não mais se faz sentir ...

E na escuridão dentro de si, se esquece...

Que cada pedaço no chão agora ...

Foram dia parte do que no passado se perdeu ...

Foram parte do que hj vai embora ...

Foram parte do que um dia fui eu.

Frio lá fora

 E a janela range com o vento lá fora ...

Mas aqui dentro é que está frio.

E fico me pensando oq fazer agora?

Os pensamentos que fluem como rio ...

Eu vejo na água o reflexo do que fui um dia 

A questão que não se responde é " amanhã oq serei?" 

Sinto que assim como minha mente, vazia ...

Esta meu caderno com todas as vezes que errei.

Se ontem eu não sabia oq seria de mim...

Hoje acordei sem saber se era já era dia,

Mas sabia que amanhã tudo deveria ter fim.

É como uma dor de algo que não mais se adia.

Cortar as ervas daninha 

Tirando pela raiz todo mal que ainda me cobre 

Pois se a falta fosse minha 

Eu teria ficado com medo que apenas a culpa me sobre.

Mas me encontro coberto por minhas palavras 

Que na dor, no frio e na incerteza 

Trazem para mim cada uma das minhas falas 

E com minha dor, traz tbm a beleza. 

Essas que nunca me abandonaram,

Seguem seu papel de amante...

Assim aqui fico, pois meus dedos notaram...

Que seguir pode ser sufocante.

Onde as palavras ainda me alcançam

Posso tocar os céus onde estão

Pois deste lado do muro todos dançam

Mesmo que seja o tempo a questão.

(Des) Confiança

 E com as palavras novamente me encontro só

Ou talvez até elas já tenham me abandonado,

Vide que nos versos não tenho rimas, digno de dó

Então sozinho, escrevo aqui ignorado.

Quando a confiança é quebrada 

Se vai também a certeza de tudo

Como se a vida fosse abandonada 

E todo o barulho se torna mudo 

No silêncio vc se obriga a escutar algo 

Mas não se sabe ao certo nem se o coração batendo, não venha a enganar

E vc se vê sem saída, no pico mais alto 

Onde, se a solução fosse enfrentar tudo de novo, você saberia oq estaria a te esperar.

Mas no fim, quando tudo for enfrentado, as palavras estarão no caderno para te trair novamente...

E como um corte, lento e profundo elas voltam a te fazer sangrar por dentro apreciando sua dor lentamente.

Morto no passado

 Assim como a vida

Deixei também as palavras passarem

Achava que era infinita

Mas de longe as vi acabarem

Foram oportunidades que se foram

Um mundo inteiro de possibilidades 

Na minha mente elas se formam

E se abre a mim um mundo de infinidades

Tudo não passa do meu cérebro já cansado ...

Cansado de viver as coisas que não viveu

Esperando de forma ininterrupta o passado

Numa realidade onde ele na verdade já morreu.