sábado, fevereiro 19, 2011

Entre o Sol e a Lua

O cinza toma conta do branco ...
e agora tudo está escurecendo ...
o Sol se foi a um tempo ...
e nada mais faz sentido.

Difícil suportar a dor que vem com a escuridão ...
e então o cinza começa a escurecer ...
nada mais pode ser visto ...
e dificilmente se toca algo ...
o escuro traz consigo os piores medos ...
e os medos inibem a felicidade.

No escuro não se pode ver ...
e tudo toma outra forma...
o mundo ao redor se torna outro ..
e ele se perde entre imagens já criadas para as cores ...
na ausência das cores ... o toque não pode ver ...
e não podemos tocar ...
debaixo de uma pele existe outra ...
e debaixo de uma máscara .. não existe rosto ...
e na ausência da luz ... o mundo perde o sentido.

Sem sentido, sem Luz ....
apenas andar para frente parece não ser uma solução para não querer ver ...
as coisas ao redor podem não ter cores ...
mas as cores vem dos olhos de quem vê ...
e quem não vê ... não pode dizer que não existem mais cores ...
a Luz nunca se vai ...
mas fugimos dela ...
no claro podemos ver ...
o espelho pode refletir ...
e as cicatrizes já cobrem toda a nossa pele ...
e as cicatrizes estão por debaixo da máscara ...
elas estão por debaixo da pele ...
elas estão num local onde não precisamos esconder ... pois só nós podemos ver ...
e temer ...
que no escuro elas nos consumam ...
e que no claro nos assustem ...
mas a coragem de mostrar as cicatrizes ...
é a cura para o mal que as cria ...
é a chance que temos de não nos deixar consumir por elas ...
e na Luz .. ver o Sol que insiste em queimar as marcas do passado... trazendo a clareza de um mundo , onde nossos medos nos levam a ter mais medos .. e nossas feridas .. mais feridas.